Entre 10 e 21 de novembro, cerca de 18 mil pessoas estiveram presentes na Central da COP em Belém, seja participando das atrações, assistindo aos vídeos educativos, disponíveis nos tablets, ou retirando o passaporte. O projeto do Observatório do Clima, criado para aproximar a sociedade das discussões sobre clima, ocupou o Teatro Waldemar Henrique e o Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA), cedidos pela Fundação Cultural do Pará e pela Universidade Federal do Pará, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura. A programação paralela à COP30 ofereceu pelo menos 65 atividades culturais e informativas gratuitas.

Em aula do ABC do Clima, a especialista Patrícia Pinho explicou o motivo do aquecimento global (Foto: Tereza Maciel / Central da COP)

No ICA, foram realizadas oito aulas do curso ABC do Clima, formulado pela Central da COP,  além de rodas de conversa, que trataram de temas como mulheres na ciência, adaptação climática, petróleo na Amazônia, transição justa, saúde, desinformação, oceanos, florestas públicas, economia criativa, bem viver das mulheres negras, clima no cinema, sistemas alimentares, transparência e eleições de 2026.

As atrações ocorreram no centro da cidade (Foto: Aryanne Almeida / Central da COP)

“As pessoas estavam muito interessadas em entender o que estava acontecendo em Belém, o que é a COP, por que o planeta está esquentando e o que acontece com a nossa vida por causa disso. Tivemos salas cheias, de um público ávido por ouvir os especialistas”, disse Joana Amaral, coordenadora de mobilização e engajamento do Observatório do Clima.

Roda de conversa sobre participação política e climática nas eleições 2026 (Foto: Aryanne Almeida / Central da COP)

O ICA também recebeu as sessões do Cine Central. Foram exibidos nove filmes, a maioria acompanhada de debate. Dois livros foram lançados e distribuídos gratuitamente aos participantes: o livro-reportagem “Até a última gota”, do InfoAmazonia, e “Transformações do tempo e políticas climáticas dos povos indígenas”, da cientista e líder Wapichana Sineia do Vale.

Exibição do filme “Biocêntricos” (Foto: Tereza Maciel / Central da COP)

A Praça da República foi palco de uma oficina criativa para a produção de cartazes e mensagens coletivas voltados à Marcha pelo Clima, organizada pela Cúpula dos Povos e pela COP das Baixadas, realizada na manhã de 15 de novembro. 

A oficina para produção de cartazes foi ministrada pelo artivista Mundano, que ofereceu tinta feita com cinzas das queimadas na Amazônia (Foto: Marilinda Barros / Central da COP)

Já o Teatro Waldemar Henrique abrigou performances, peças de teatro, música e outras oficinas, todas com alguma conexão com o meio ambiente. O espaço também recebeu uma aula de balé.

Oficina de letramento indígena no Teatro Waldemar Henrique (Foto: Aryanne Almeida / Central da COP)

A campanha do Passaporte Central da COP distribuiu 9 mil exemplares, que funcionaram como um mapa do tesouro, usado pelo público para visitar os locais ilustrados pelo desenhista paraense Clauber Amador. O objetivo era incentivar a circulação por Belém e a participação na programação paralela à COP30 preparada por diversas organizações.

Os passaportes foram distribuídos gratuitamente (Foto: Aryanne Almeida / Central da COP)

Para Thayane Guimarães, coordenadora de redes da InfoAmazonia, o passaporte foi uma excelente estratégia para aproximar a população das atividades e debates promovidos durante a conferência. “Foi muito interessante ver várias pessoas passeando pela cidade para conhecer os espaços do mapa. Na Casa de Jornalismo Socioambiental, recebemos grupos de jovens, famílias inteiras, educadores e ativistas. Uma diversidade muito grande de pessoas. Elas se interessaram em participar das atividades que construímos e em conhecer o trabalho da coalizão de jornalistas socioambientais”, afirmou.

A campanha atraiu pessoas de diversos perfis e idades (Foto: Tereza Maciel / Central da COP)

A estudante de museologia Eloise Borges e a mãe, Eline Borges, retiraram o passaporte em 11 de novembro e conheceram diversos projetos. “Em todos os lugares onde entramos, começamos a seguir a página nas redes sociais e a acompanhar a agenda da COP. Fomos convidadas para participar de eventos”, relatou Eline. “Não foi só pegar carimbo e ir embora”, acrescentou Eloise, referindo-se ao carimbo que era coletado em cada casa – e que depois era trocado por brindes, na sede da Central da COP. As duas vieram de Marituba, na região metropolitana de Belém.  

As moradoras de Marituba coletaram 11 carimbos em dois dias (Foto: Tereza Maciel / Central da COP)

Uma família de quatro pessoas também percorreu vários espaços com o passaporte. “Fizemos uma maratona para viver a COP”, disse Jailson Bastos. Ronaldo Franco, outro integrante da família, contou que as visitas às casas e barcos com atrações ampliaram o conhecimento e a preocupação sobre as mudanças climáticas.

Estratégia Central da COP começou em 2024

O projeto da Central da COP começou com o lançamento de um site em agosto de 2024, com notícias e textos opinativos produzidos por integrantes da rede do Observatório do Clima. Até o momento, mais de 150 textos foram publicados, com assinatura das mais variadas ONGs, como WWF-Brasil, Iema, SOS Mata Atlântica, Idec, Geledés – a lista é grande.

Em 2025, as ações avançaram para o formato presencial, com 16 ações em festivais, universidades, museus, territórios indígenas e quilombolas, e também em lugares menos esperados, como igrejas, ou na parada LGBT, ou mesmo na final da campeonato paraense, no estádio do Mangueirão, em Belém.

A campanha Estação Central da COP distribuiu gratuitamente 2 mil caixas com materiais educativos sobre clima para comunidades organizarem encontros sobre a COP30. Todos os estados e o Distrito Federal foram contemplados, somando 364 municípios.

Muitos professores se interessaram pelo material, como a professora de matemática Cristiane Lacerda, que leciona na Escola Estadual Eurípedes Simões de Paula, no Grajaú, periferia da zona sul de São Paulo. Ela trabalhou com alunos do ensino fundamental em parceria com professores de geografia e português. “A gente utilizou todo esse material. Ele é maravilhoso para matemática por causa dos gráficos. A professora de geografia trabalhou a história do Grajaú e os aspectos geográficos, conectando ao clima. Em língua portuguesa, o professor incentivou os alunos a produzirem poesias para sensibilizar a comunidade”, explicou.

A escola segue usando o material. “Na Semana da Consciência Negra, trabalhamos racismo ambiental com os alunos. Usamos poesia, rap e música, inspirados nos ativistas do Grajaú. Muito obrigada por indicar esse material”, disse em mensagem enviada ao Observatório do Clima.

A Central também estreou uma coluna semanal no jornal O Globo. Mais de 30 colunas foram publicados desde junho.