Em junho de 2012, o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi tomado por uma multidão diversa e vibrante. Povos indígenas, quilombolas, juventudes, mulheres, ambientalistas, camponeses e trabalhadores urbanos se reuniram na Cúpula dos Povos da Rio+20 para lançar um grito de alerta ao mundo: não haverá futuro sustentável sem justiça social, e não haverá justiça social sem justiça ambiental.

Treze anos depois, os povos se organizam para um novo confronto. Sem convites oficiais, a Cúpula dos Povos Rumo à COP30 já está no aquecimento. 

A cúpula acontecerá de 12 a 16 de novembro, em Belém, em paralelo à COP, como um espaço autônomo pra discutir problemas e soluções para a crise climática sob a ótica dos mais de 700 movimentos sociais

Aquele junho de 2012 consolidou o protagonismo da sociedade civil frente às falsas soluções do mercado e ao fracasso dos governos em enfrentar a crise sistêmica que afeta o planeta. A crítica à chamada “economia verde”, que propunha maquiar o modelo econômico destrutivo, foi amplamente rejeitada. Em resposta, a Cúpula dos Povos defendeu a agroecologia, os direitos dos territórios, o bem viver, a gestão comunitária da água, da terra e dos bens comuns. Mas o cenário agora é outro. A Rio+20 eram só as classificatórias, um momento de alerta. Já a COP30 vem com energia de final — o momento é de urgência.

A cúpula acontecerá de 12 a 16 de novembro, em Belém, em paralelo à COP, como um espaço autônomo pra discutir problemas e soluções para a crise climática sob a ótica dos mais de 700 movimentos sociais, organizações e redes. Para além desses dias em Belém, a cúpula é um movimento que articula uma série de atividades em rede que envolvem a sociedade na construção e no debate da agenda climática, desde a preparação até o pós-COP.

O colapso climático já não é uma previsão, é uma realidade.  Governos ensaiam promessas de transição energética enquanto apresentam soluções que empurram a Amazônia e o mundo para novos ciclos de destruição. A maior floresta tropical do mundo sofre com o avanço do desmatamento, da mineração ilegal, das mudanças climáticas e, agora, com a ameaça crescente da exploração de petróleo e gás em áreas essenciais para o equilíbrio do clima global.

Apesar de tudo, a Amazônia resiste — por meio dos povos que a habitam, a defendem e a regeneram. A Cúpula dos Povos Rumo à COP30 é prova dessa resistência. A forte presença de povos da floresta mostra que, desta vez, ela está em campo com voz ativa e bola no pé.

O que antes era denúncia global, hoje se tornou proposta concreta. A Cúpula dos Povos de 2025 tem a missão de lembrar que não há meta mais urgente do que garantir a vida em sua diversidade. Se a exploração de petróleo e gás continuar ganhando esse jogo, não existirá transição energética verdadeira.

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